Quem me conhece sabe que sou absolutamente contra a não-monogamia nas minhas relações. Sai pra lá com esse papo, pelamor. Mas tem uma coisa que a não-monogamia (DOS OUTROS!!!) me ensinou e acho essencial para uma vida mais leve: a descentralização das relações.
Não dá pra eleger uma pessoa como o centro da sua vida e colocar toda a energia nela. É ruim pra quem faz esse esforço e é ruim para o alvo de toda essa energia acumulada.
Nossa vida é composta por diversas áreas. Amigos, trabalho, família, estudos, hobbies, relacionamentos amorosos etc. Ao focar em apenas uma dessas áreas para dar toda a atenção, a gente necessariamente vai negligenciar o resto.
De vez em quando, tudo bem. Algumas vezes é preciso focar em uma área porque é ali que você está sendo mais necessário. Mas, sempre? Por que a gente centraliza todo o nosso melhor nas nossas relações amorosas e não dá tanta atenção assim para os outros âmbitos da vida?
É aí que entra a não-monogamia. Uma premissa interessante de quem escolhe esse modo para se relacionar é justamente isso: não tornar a sua relação amorosa o centro da sua vida. Porque pasmem: não é. Existe todo um mundo acontecendo no entorno. Existem áreas que, inclusive, estão passando o pires pedindo migalhas da sua atenção e carinho.
Querida vida social, onde está você?
O pós-pandemia trouxe alguns conceitos que até faziam algum sentido dois anos atrás, mas agora, em 2025, são injustificáveis (na minha opinião). Lembram quando virou cool falar que se é sem carisma e tem energia social baixa? E quando inventaram a tal da amizade de baixa manutenção?
Não existe isso. Não existe amizade de baixa manutenção. Amizades - e relações no geral - precisam de manutenção constante e isso dá um super trabalho. O que pode existir são amizades que requerem menos atenção naquele momento. Amigos que estão com a vida mais em dia, com a cabeça em ordem, e que não precisam de um ombro pra chorar toda semana.
Mas, seja sincero, quem é que está bem atualmente, com o mundo frenético do jeito que está?
Todo mundo precisa de uma conversa atenciosa de vez em quando. E essa boa conversa vai acontecer justamente nas outras áreas da sua vida. Vai ser no trabalho, com aquele colega que você tem mais intimidade para se abrir. Vai ser com a sua amiga da faculdade que também está na pindaíba que nem você e consegue ter empatia como ninguém. Vai ser com o seu love também, por que não?
Mas essas trocas só vão acontecer se a gente tiver nutrido as relações. Se a gente tiver dado atenção suficiente, se tivermos feito a tal da manutenção. E enquanto nós, monogâmicos, estamos quebrando a cabeça para entender como equilibrar os pratinhos e dar atenção para todo mundo, os não-mono já acham isso fichinha.
Um aprendizado que tive nos últimos tempos foi: tudo o que você alimenta, cresce. E isso vale para tudo. Inseguranças, paranoias, sentimentos bons, amor, sentimentos ruins e relações também. É preciso nutrir as nossas outras relações e cuidar delas. E isso significa, inclusive, colocar limites, ter conversas difíceis, lidar com o desconforto.
A gente desaprendeu a lidar com o desconforto. É muito estímulo no celular injetando dopamina o tempo inteiro no nosso cérebro. Essa não é a realidade, o mundo palpável. O mundo real é cheio de momentos difíceis e ruins. É cheio de tédio, de situações absolutamente diferentes do que planejávamos. E também é cheio de descobertas, novos sabores, boas risadas, de sonhos a serem perseguidos. E essa é a parte interessante da vida, você não acha?
Atualizando: falei na última (e primeira) news que vai ter post toda sexta-feira na sua caixa de e-mails. Mas será que vai ser toda sexta-feira mesmo? Eu tenho tanto conteúdo assim para escrever? Será que eu não me iludi com a Carrie Bradshaw e achei que em uma semana eu teria sempre um assunto super hot e interessante para discutir? Será que eu vou ter mesmo sempre uma conversa genial com um ponto de vista super diferentão para trazer aqui? Fica aí o questionamento.
Dicas
Livro da vez:
A Prateleira do Amor, da Valeska Zanello. Vou ser sincera. Quando eu li a primeira vez não gostei. Achei que o título enganava o real conteúdo do livro e achei o livro muito… rápido. Raso. Mas li novamente (é bem rapidinho, coisa de poucas de leitura) com outros olhos e é um excelente livro para refletir. O que me fez ler novamente foi esse episódio do podcast da Lela Brandão:
Para ver:
The Four Seasons, da Tina Fey (e outros). Série rápida de comédia que me fez pensar um pouco em The White Lotus, mas conta com elementos narrativos bem mais simples e diretos (sem todo aquele esquema psicanalítico do Mike White). O que eu mais gostei da série foi como a Tina Fey me colocou cara a cara com alguns preconceitos e hipocrisias que eu nem sabia que tinha.
Está disponível na Netflix.
Para evitar ver ou tentar desver:
A história surreal da mulher de Contagem (MG) que enganou a grande mídia com uma pauta absurda dizendo que, aos 22 anos, se tornou ASTRONAUTA de carreira da NASA (!!!) e seria a primeira mulher brasileira a ir para o espaço. Juro. Pra mim, o mais surreal é que duas ligações desmentiriam a querida. Dois e-mails enviados e já daria para descobrir que as credenciais que ela apresenta são falsas. Grávida de Taubaté fez escola, mas essa aula a grande mídia faltou.
Toda a baixaria relacionada ao rapper Oruam e a Osklem (que aparentemente voltou atrás e excluiu as fotos do editorial). Não é cool enaltecer o crime organizado e o tráfico de drogas, nem fazer referências sobre isso como algo a ser exaltado (muito menos em um editorial de moda). Mas parece que as coisas não estão tão claras assim para o gringos - e nem para os brasileiros.
Isso é tudo, pessoal. Obrigada pela companhia e pelo apoio. Um agradecimento especial ao meu ex-chefe e amigo pessoal Marcello Larcher, que editou a news (depois de criticar a primeira e pedir para eu repostar depois que ele corrigisse, coisa que não fiz pois tenho 2 centavos dignidade). Sempre bom ter amigos queridos nos ajudando, né? Um beijo. Elogios, críticas e sugestões são bem-vindos. Especialmente elogios. Proibido criticar. Mas se quiser pode. É isso, tchau.
tendo post toda sexta ou não, eu continuarei sendo uma das leitoras da primeira fileira do seu show, aplaudindo de pé e bem alto. tá lindo o texto, e me identifiquei muito com o que o Matheus falou abaixo: esse trecho sobre como tudo o que a gente nutre cresce é muito importante de observar. É fácil cair num espiral de loucura, então lembrar de nutrir pensamentos bons é essencial pra ter uma vida mais leve e saudável.
adorei o que você trouxe sobre tudo que a gente alimenta, cresce. to num momento alimentando paranoias e tentando fazer elas pararem de crescer, e me fez refletir sobre isso. obrigado por compartilhar esse aprendizado na news 💛 queremos pov diferentoes toda sexta sim, se vire aí oxiiii